Repercussão

Retorno do Vestibular da UFSM impulsiona setores econômicos da cidade, avaliam entidades e Poder Público

Eduarda Paz, Letícia Klusener e Nathália Arantes

Retorno do Vestibular da UFSM impulsiona setores econômicos da cidade, avaliam entidades e Poder Público

Fotos: Nathália Schneider (Diário)


Trânsito intenso, ônibus lotados, restaurantes e hotéis cheios marcaram o final de semana em Santa Maria. O fluxo intenso de pessoas deu-se por causa de dois grandes eventos na cidade: o Vestibular Extraordinário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no domingo (9), e a 29ª Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop), de 7 a 9 de julho. O público movimentou o comércio, o setor de hotelaria, bares e restaurantes da cidade e de municípios da região. A avaliação de alguns foi positiva, de outros nem tanto. O Diário conversou com representações do município para fazer um balanço sobre a realização do vestibular em Santa Maria. 


Ao longo da semana, os órgãos responsáveis vão se reunir para calcular o número de pessoas que circularam pela cidade no final de semana.  


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Repercussão 

Desde 2022, o retorno do vestibular está em pauta de forma mais efetiva. A ideia é que as mudanças ocorram gradualmente, sendo que a partir de 2026, 30% do ingresso vai ser feito pela nota do Enem (Sisu), e 70% pelo vestibular e pelo Processo Seletivo Seriado (PSS).  


Universidade Federal de Santa Maria

Ao CDN Entrevista, Luciano Schuch, reitor da UFSM, considerou o retorno do vestibular da instituição um sucesso, principalmente pela adesão dos estudantes a uma edição extraordinária.


— Depois de 9 anos sem a prova acontecendo na universidade, nós usando como sistema único o Sisu, agora diversificando esse ingresso, seguimos com o Sisu e o vestibular. O  nosso entendimento é que o vestibular foi um sucesso, pelo número de inscritos que a gente teve agora, no meio do ano. Esse é um vestibular extraordinário e fora de época, onde os estudantes ainda estão concluindo o seu Ensino Médio e conseguimos ter praticamente 10 mil inscritos no nosso processo — destaca Schuch.


O reitor destaca a presença dos familiares dos estudantes no campus, com registro de 16 mil veículos circulando no  campus durante o dia da prova. Ele destaca que o processo seletivo deste domingo foi um tira-teima para as próximas provas do vestibular e do  Processo Seletivo Seriado (PSS), ambas a serem aplicadas em janeiro.


— Para o nosso vestibular em janeiro de 2024, que é um vestibular que terá cerca de 1.500 vagas, com uma estrutura três vezes maior que esse que a gente fez agora, nós vamos ter que usar a estrutura também da cidade em parceria com algumas escolas. O que talvez aconteça é que tenhamos 12 mil estudantes fazendo a prova no campus e os demais, que se inscreverem, que a gente acredita que vai ser de 20 mil a 30 mil estudantes, vão ter que usar as escolas da cidade. O fluxo de veículos pro campus aumenta. Então a gente tem uma discussão muito muito próxima à Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, e Polícia Rodoviária Estadual, para pensar no trânsito para janeiro — planeja Schuch.


Questionado quanto o formato da aplicação da próxima prova, referente a quantidade de dias, Schuch falou que essa questão ainda está em discussão, mas que certamente não será em apenas um dia: 


— A gente já viu que num dia só, com o seriado (acontecendo)  também, não tem como fazer em um dia só. Então, está  praticamente certo que vai ser no mínimo dois dias da prova que vai acontecer lá em janeiro — afirma.


Quanto ao movimento na cidade por conta do concurso, Schuch destaca que tudo que acontece na universidade, acaba por refletir na cidade e região:


— A gente não discutiu o vestibular com o objetivo de melhorar a economia da cidade, de forma nenhuma. A discussão do vestibular é como que a gente melhorava o ingresso da universidade. E se tem esse impacto positivo para a cidade, que bom!  É bom que tenha esse impacto positivo também. Eu digo, a universidade também está pensando no seu entorno, na sua comunidade, ao redor de quem também sente a universidade dessa forma, através das pessoas que vêm procurar a universidade, vem viver em Santa Maria buscando ingressar na nossa universidade. Então, é um círculo virtuoso que todos acabam ganhando — finaliza.


O pró-reitor de Graduação, Jerônimo Tybusch, desde o domingo, já fazia avaliação positiva sobre a prova: 


— Divulgamos hoje o gabarito preliminar. Fazemos uma avaliação muito positiva. Desde às 5h até as 18h de domingo, cerca de 18 mil carros circulam até o campus e em torno de 60 ônibus também. Isso é quase três ou quatro vezes mais do que um dia de semana normal dentro do campus. Tivemos também poucas ocorrências, algumas pessoas acabaram ficando nervosas e outras não conseguiram entrar. Tivemos uma boa recepção dos candidatos quanto a prova. Então a nossa avaliação é positiva. 


Ele reforça que a porcentagem de abstenção dos antigos vestibulares era superior a 20%. Nesta edição, as abstenções ficaram em cerca de 15%, sendo considerado pela Reitoria uma baixa desistência se comparado com anos anteriores. Além disso, em relação às temáticas da prova, o pró-reitor afirma que teve uma boa repercussão por parte dos estudantes


– Sem falar do impacto na cidade. Dois grandes eventos, o vestibular e a Feicoop lotaram a rede hoteleira. Então, temos aspectos muito positivos nesse processo.


Já o Diretório Central dos Estudantes (DCE), contrário ao retorno do Vestibular, manifestou-se por maio de nota. 


Confira o posicionamento do DCE:

“A retomada do vestibular evidenciou o que o movimento estudantil tanto denunciou. Suas principais marcas não foram a qualidade e democracia de acesso, mas sim a propaganda, marketing e o atendimento a interesses empresariais. O que vem se evidenciando é que o objetivo fundamental não gira em torno do método de acesso a UFSM e sua qualidade, mas sim na capacidade de que o vestibular tem de fazer propaganda e atender interesses econômicos de hotéis e cursinhos pré-vestibular pagos, tanto é que estes cursinhos detinham várias informações sobre a metodologia da prova e colocaram toda sua estrutura a disposição, enquanto os cursinhos populares, que inclusive são projetos da própria Universidade e atendem estudantes pobres, foram deixados de lado, como os mesmos explicitaram em matéria realizada a algumas semanas sobre o tema. 

Os mais de 9 mil estudantes que se inscreveram para realizar o vestibular mostram que, como sempre afirmamos, não se trata de falta de demanda, como a própria gestão alegou em alguns momentos. Nossa Universidade é referência e isso é prova disso, milhares de estudantes querem estudar aqui, e inclusive muitos dos que realizaram o vestibular irão fazer o ENEM, porque querem estar aqui e se esforçam para isso. Entretanto, estudantes pobres, mesmo que tenham conseguido garantir sua inscrição e realizado a prova, enfrentam muito mais dificuldades para passar no vestibular do que no ENEM, já que o público-alvo do vestibular não são as escolas públicas. Mais uma vez a pergunta que não quer calar é porque a reitoria optou por atacar o SISU, que tem por base a educação pública e possibilita o acesso de jovens do Brasil todo a nossa Universidade, ao invés de fortalecê-lo.”


Representantes do Poder Público

Prefeitura de Santa Maria

O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) levou a filha Victoria para prestar o vestibular. Para ele, o retorno, após nove anos, tem um simbolismo para a cidade.


Como eu sempre digo: jamais ele poderia ter acabado. Por isso, nós estamos celebrando esse momento, agradecendo a cidade como um todo, pelo movimento que se criou em torno do vestibular. Inclusive, levei a minha filha Victoria para fazer o vestibular de Medicina e pude conversar com vários estudantes e ver o brilho nos olhos de todos os nossos vestibulandos. Essa é a nossa Universidade Federal de Santa Maria, da qual eu tenho orgulho de ter sido aluno. 


Segundo o vice-prefeito, Rodrigo Decimo (União Brasil), Santa Maria é uma cidade universitária, por isso ter toda a movimentação que ocorreu, em decorrência do vestibular, é fundamental para o município:


— A presença dos 10 mil estudantes de vários lugares, o que por si só já é uma alegria para nós, e dos seus familiares, prova o quanto o vestibular de uma instituição reconhecida, como a nossa Universidade Federal, influencia a cidade como um todo, lotando hotéis, bares e restaurantes. São mais pessoas conhecendo a cidade, investindo e sonhando com um futuro que começa aqui.


Avaliação do movimento do comércio, hotéis e restaurantes


Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Maria (CDL)

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Santa Maria (CDL) já havia anunciado que a volta do vestibular resgata a identidade do município. Para o presidente Marcio Rabelo, o vestibular e o Processo Seletivo Seriado (PSS) como formas de ingresso na UFSM resgatou um processo que historicamente gerou oportunidades de formação acadêmica e qualificação, principalmente, para estudantes da região. 


— Estamos, novamente, aptos a atrair estudantes de outras regiões a fixar residência aqui e se preparar nos nossos cursinhos pré-vestibulares. Ao realizar novas edições de festas e eventos universitários que irão oxigenar e dar mais vida o ano inteiro para a nossa cidade; a fomentar o setor imobiliário, a educação, a saúde, a hotelaria, os supermercados, os restaurantes, a imprensa, o comércio, retomando os impactos positivos com os recursos que serão movimentados o ano inteiro na nossa economia.


Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism)

O presidente da Cacism, Luiz Fernando Pacheco, reforça que a volta dessa forma de ingresso é um fator positivo não apenas para Santa Maria, mas para as cidades da região.


— Vai corrigir um erro que foi feito em 2014, quando adotou 100% o Sisu. O vestibular volta para corrigir a questão da evasão, na questão para os estudantes da região terem condições de fazerem uma universidade pública e de qualidade. As universidades são colocadas em lugares estratégicos para pessoas da região frequentarem. Por isso, além da questão econômica, precisamos levar em conta a social e a educacional. Com certeza, o vestibular vai crescer cada vez mais.


Para a próxima edição, em janeiro, Pacheco relata que é preciso cuidar antes o calendário de eventos da cidade, para não coincidir com outro, como ocorreu dessa vez.   


Associação de Hotéis, Restaurantes, Agência de Viagens e Turismo (AHTURR) 

Desde 7 a 9 de julho, os restaurantes e bares estavam lotados na cidade. O presidente da Ahturr, Emerson Nereu informou que todos os hotéis da cidade estavam com 100% de ocupação:


— Os restaurantes, mesmo no domingo, estavam lotados. Desde sexta-feira com movimento, uma taxa de ocupação bastante ampla. Muito positivo a volta, colhemos bons frutos nesse belíssimo evento. O Recanto Maestro também estava 100% com a taxa de ocupação. Porque tiveram pessoas que não conseguiram quartos em Santa Maria. Dois grandes eventos no final de semana foram muito positivos.


Nereu explica que o ideal seria ter um final de semana para a Feicoop e um para o vestibular, para ter dois finais de semana com pessoas circulando pela cidade, mas, mesmo com a coincidência de datas, o público e a demanda no setor hoteleiro foi alto. 


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